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Você tem opinião?

Uma boa parte de minha adolescência trabalhei com meu pai em sua mercearia ou venda. Um senhor cujo nome era Laudelino, que todos as tardes passava por ali dizia: pese meio quilo de arroz, meio de feijão e um pouco de farinha e em outros dias alternava com meio litro de óleo, pasmem, era possível comprar essa medida. Eu o atendia e no final ele sempre dizia, Deus te abençoe. Isso ficou acontecendo meses até que contei para meu pai que nem sempre dava atenção a esse setor porque era secos e molhados, e ele sempre estava na parte de bebidas. Meu pai ouviu e me pediu para avisa-lo quando isso acontecesse, até que chegou esse dia. Laudelino era um senhor de uns 50 anos e meu pai bem mais velho. Meu pai perguntou por quê dele não trabalhar e ele respondeu que tinha problemas de coluna. Meu pai retrucou: meu filho eu tenho dois bicos de papagaio, pego saco de 50 quilos, subo em escada e a resposta do senhor Laudelino foi surreal: - Mas o senhor tem opinião! Perplexo ao ouvir isso meu pai disse, está certo. Meu pai me disse que opinião para ele era posicionamento, foco e que realmente aquele homem não tinha isso, o argumento foi tão bom que nos calou. Argumento bom é assim, difícil de recusar e no livro de Juízes 1:12-15 encontramos um nesses moldes.

Acsa, filha de Calebe foi dada em casamento à Otoniel, um primo bem mais velho, por uma vitória de guerra, e ela bem que tentou convencê-lo a pedir ao sogro terras com fontes de água, mas parece que ele não topou e estava conformado com as terras que recebeu. Nesse impasse, Calebe pergunta o que ela queria em sua porta e ela respondeu: um presente! Quero fontes de água pois nos destes terra seca. Naquela época mulher era propriedade do pai, que escolhia seu marido para manter ou aumentar o patrimônio. Acsa poderia estar revoltada e com raiva, mas pensou no futuro de sua família que estava sendo tratado naquele momento. Uma decisão que mudaria toda a sua geração. Não é que o argumento foi bom?

Quando Deus falou para Josué ser forte, a mensagem era: confie em minha fortaleza. Quando mandou ser corajoso, siga, apesar do medo (Josué 1:9). E foi o que Acsa fez, usou de sabedoria e das palavras certas, não exigiu. É difícil negar um presente a quem nos pede não é? Aquele pedinte convenceu meu pai de sua fraqueza, se despiu de orgulho e ainda continuou nessa saga muitos anos até que os filhos tivessem idade para trabalhar. Sabedoria então é melhor que muito ouro, não me desminta Salomão!!

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